segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

O Sr. desculpe, quer Felicidade? Não, não quero Tristeza sff

Terça-Feira, 12 de Fevereiro de 2008. Estava eu, muito descontraidamente, a esfoliar as páginas do diário gratuito METRO, lendo as “gordas”, quando na página 9, uma notícia desperta a minha atenção. No título vinha “Chega de Felicidade”, seguindo-se duas linhas com: “Contra a pressão geral para ser feliz, cientistas defendem que se deve aceitar melhor a tristeza”

Boa… Pressão geral para ser feliz… Já não nos bastava a pressão para todos os dias chegar a horas ao trabalho, a pressão para fazer as coisas para ontem, a pressão para não desagradarmos quem nos manda, há a agora também uma nova pressão, que é geral e que é para ser feliz.

Apesar de, no início, os termos utilizados deixarem-me estupefacto, não tanto pela positiva, o resto da notícia contentava-me crescentemente à medida que a ia lendo.

Então parece que uns Cientistas, Psicólogos e Escritores (Americanos pois claro!) cansados de uma tal indústria de Felicidade querem mostrar que a Tristeza e a Melancolia, afinal, são sentimentos nobres e perfeitamente normais e que os antidepressivos são o principal alvo a abater.

Eric G. Wilson, professor inglês da Wake Forest University, na Carolina do Norte, no seu livro Against Happiness - in praise of melancholy defende que a Tristeza e a Melancolia são factores de mudança para qualquer cultura que pretende inovar ou inventar, sustentando como exemplos John Lennon, Van Gogh, Woody Allen, entre outros.

Já Jerome Wakefield, professor da Universidade de Nova Iorque, no seu livro The loss of sadness: how psychiatry transformed normal sorrow into depressive disorder chama a atenção para falsos diagnósticos de depressão e afirma que é normal e muito saudável sentirmo-nos tristes depois de um acontecimento negativo, como perder o emprego ou terminar uma relação.

Não posso de discordar destes professores, e um facto é que este blog nasceu de um momento mais triste que atravessei. Esse momento levou-me à necessidade de escrever e desabafar e como tenho amigos dispersos por vários sítios, encaminhei-os para esta página.

Também concordo que devemos sentirmos tristes, pois como é que saberemos se somos felizes sem atravessar momentos tristes e melancólicos.

Já Adolfo Rocha (Miguel Torga) dizia [ou parafraseava Unamuno, já não me lembro] que O MELHOR DA VIDA É VIVÊ-LA, então que a vivemos com tudo que ela tem e tudo são os bons, os maus, os alegres, os horríveis, momentos!


PS 1- No Natal, recebi um desses livros que fazem parte da industria da felicidade. Depois do que aqui escrevi, obviamente que o vou ler. Não só por ser um livro (pois eu acho que todos os livros têm o direito de ser lidos e não altero a ordem de leitura só porque penso que vou gostar mais de um do que de outro) mas por ser um momento da vida!

PS 2 – Bem sei que deveria ter escrito na semana passada… Vou ter de rever novamente prioridades e criar ou multiplicar tempo. ;-)

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

A Outra Sorte

Mal começou a minha senda, de bloguista e logo começava a sentir-me diferente. Após escrever o primeiro post, senti-me muito melhor. Foi um desabafo e mais leve fiquei. “Tou pronto para outra”, pensei

No dia seguinte, chegavam os comments dos amigos, preocupados, agraciando-me com palavras de incentivo e de preocupação. Bem certo que preciso de um “curatibo”, mas isso vai ter de ficar para depois. Agora tenho de Vos falar d’ “Outra Sorte”

Sábado, dia espectacular, Sol quente e acolhedor que nos motiva a sair de casa e a poder contemplar esta enorme estrela. E assim foi, depois de uma viagem de Bicicleta, de manhã, de ida e volta até ao parque da Bela Vista, com um jogo de futebol pelo meio, não satisfeito, decidi que, de tarde, iria até ao Parque das Nações, também de bicicleta.

Lá fui, numa viagem sossegada e maravilhosa. Apesar de não haver um corredor específico para Ciclistas, em Santa Apolónia, junto ao LUX, inicia-se uma estrada que serve o Porto de Lisboa e que ao fim-de-semana não tem tráfego. Assim, esta ciclovia alternativa, permite-nos pedalar, sem stress e sem preocupações de que algum carro nos possa magoar. Pedalando sempre junto ao Rio, admirava os Navios e questionava-me se um dia farei um cruzeiro… e com quem?… e para aonde?…

Já no Parque das Nações, com uma velocidade mais moderada, captava os movimentos dos mais pequenos (e perigos quando têm uma bicicleta nas mãos), recordando-me da minha infância no (pequenino – comparando com a Expo) Jardim da Estrela. Chegando ao parque de estacionamento, já perto de Sacavém, onde se realiza o SBSR, decidi que, a viagem de regresso, seria pela estrada e não pelo interior da Expo (Não gosto de passar pelos mesmos caminhos).

A viagem de regresso fluía, calmamente. Farto de carros, optei por regressar pela tal estrada alternativa, pois queria manter-me sem stress.

A certa altura, um desconhecido “colega” passa por mim. Nestas coisas de bicicleta, há uma espécie de “Street Racing”, que nos deve estar interiorizada, porque raramente alguém (que ande de bicicleta) fica indiferente a uma ultrapassagem e logo acelera a velocidade para não ficar para trás. Este “colega” estava num outro patamar de evolução, pois estava vestido à medida, com calções justos, sendo bem visíveis os músculos das pernas.

Ainda assim, não desisti, é um desafio, que depende, em grande parte, só de nós. Lá acelerei e lá o segui. É claro que, quando nos posicionamos atrás e a curta distância, o “colega” da frente, literalmente “trabalha” para nós. Ele lá foi cortando o atrito e o vento e com relativo esforço consegui-o acompanhar.

Já a 1 km de distância de Santa Apolónia, e do fim da ciclovia “adoptada” decidi que deveria passar para a frente e ser eu a “puxar”. Seguíamos a uma velocidade “vertiginosa” (isto é a 35 km/h).

Passo pelo LUX, a estrada a acaba, seguindo-se um parque de estacionamento. Deviam ser cerca de 17:30 H. A Luz estava um pouco fraca e tinha os óculos de sol colocados. Apesar de serem graduados, a graduação que neste momento tenho já não é suficiente.

Bem, o melhor vem agora, continuo com velocidade elevada, já a 30 km/h, penso entrar no parque de estacionamento, pois mais à frente a “estrada” continua. Estou a 10 metros de entrar no parque e… uma cancela… o que fazer? Passo por baixo? (como no filme em que a mota passa por debaixo do camião) deixo-me ir e espero pelo embate? Não! Tenho de passar junto ao passeio, talvez dê… TRAVAGEM BRUSCA… Roda de trás a derrapar e a roda da frente a roçar no lancil do passeio… o meu ombro passa a milímetros da cancela… o suporte da bomba de encher pneus parte-se… Eu mantenho-me na bicicleta de pé e… paro… sem ir ao chão… Fico atónico e tentando perceber como é que foi possível não me espetar. Quanto tempo demoraram a ler este parágrafo? Foi mais do que os 1,2 segundos que mediaram entre a descoberta da cancela e a própria. O “colega”, também admirado, olha para mim, balbucia qualquer coisa que não percebo e continua a sua viagem… Apanho a bomba íntegra no suporte partido.

Pois é, uma semana ainda não passou sobre o meu primeiro post, onde questiono a minha sorte e fé, e uma grande sorte vivo. Ainda agora me pergunto como estou são e sem uma única nódoa negra.

Neste mundo, tudo está em equilíbrio e a sorte que não tenho num lado, tenho-a no outro. Tenho sorte de ter uma bicicleta (aliás, até tenho duas), tenho sorte de poder andar de bicicleta, tenho a sorte de ter sítio para guardar a bicicleta, tenho a sorte de poder disfrutar a vida simples, aproveitando o sol, tenho a sorte de ter amigos que lêem este post e tenho muitas mais outras sortes.

Bem, a bicicleta, essa é que não ficou lá muito bem. Roda de trás empanada e um raio partido. Que chatice, na Terça já não posso ir para o Futsal de bicicleta, pensei. Bem, vou deixá-la na Sportzone do Chiado, lá, eles devem arranjar. No Colombo. Diz-me o rapaz da secção das Bicicletas da Sportzone do Chiado com ar incrédulo e com receio de mostrar que não percebia nada de bicicletas. O que faço? Para o Colombo não vou e não quero pagar o bilhete de metro pois tenho passe (mas não estava comigo). Perto da Praça do Município (que sorte tenho em trabalhar aqui) há uma loja de Bicicletas. Sim, arranjamos bicicletasEh pá… Isto não dá para desempanar, diz-me o rapaz da loja. Bem, ponha-me uma roda nova, então. Lá se foram 60 €, com a roda, arranjo e com outras peças e afinações que a bicicleta já andava a precisar.

A reparação foi em meia hora, numa sequência contínua de acontecimentos, como se tudo tivesse sido planeado.

Linda foi esta experiência…

Obrigado

Meus amigos, quero desde já agradecer a todos os que me felicitaram e a todos os que falaram comigo, quer através do Blog, quer pessoalmente, pois as Vossas palavras serviram de consolo e de encorajamento.

Uma vez que não posso estar presente com todos vocês, tentarei, no meu blog, elucidar-Vos do que ando a fazer e no que ando pensar, como se estivéssemos bem perto, num café, num campo de futebol, etc.

Assim, assumo o compromisso de manter este blog “vivo”, pelo que tentarei, semanalmente, colocar um post. Espero que Vocês, meus grandes amigos, também estejam atentos e se vão lembrando de mim, colocando um simples comment, nem que seja um “hmm”! ;-). Vá, ponham a página nas Favoritos, sff.!

Um grande bem-haja para todos Vós
Adoro-Vos

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

O inicio

Longe vão já as noites em que não as passava em casa. Parece que a Juventude eterna já terminou. Os amigos estão casados, os que não estão casados na Lavoura andam e outros aguardam pelo seu rebento... cuja concepção não foi planeada...

É a noite véspera de feriado de Carnaval e uma batalha explode em mim… A vontade de estar na diversão e a vontade de estar aconchegado, em casa, quentinho…Perto daqueles que continuam a se “escravizar” por mim, em troca de um Amor frio, muita vezes despreocupado e egoísta da minha parte.

Não vale a pena colocar a máscara, ou se for para colocar que seja a máscara da verdade ou a máscara do falhanço.

Não estou habituado a lidar com a derrota. É verdade que, no Futsal, as minhas prestações estão cada vez piores, mas no Ginásio, na Passadeira, todos os meses consigo mais um recorde, por mais pequeno que seja, por mais um minuto a correr, por mais 0,1 de inclinação, o meu espírito renova e a ambição renasce. No trabalho, não tenho razões de queixas.

E lá estou eu, coloquei a máscara que não queria colocar… Quero assumir o erro porque estou disposto a emendá-lo, mas chegarei tarde?

Se recuar 10 anos no tempo, teria hoje 19 anos. Estaria no 1º ano da Faculdade. Nessa data, se me perguntassem como estaria daqui a 10 anos, a resposta era simples: Casado, com 1 ou 2 filhos, a viver numa casinha e todo feliz da vida.

É um choque tremendo quando confronto a realidade perspectivada e a realidade actual. Onde terei falhado? Porque não fui capaz de obter o futuro que tanto almejava? Fui ou Serei Eu ou serão as contingências?

Imagino-me, por vezes, a viver outros tempos, no Portugal das décadas que antecederam o 25 de Abril. Estaria sem Liberdade, mas seria feliz com a minha prole?

Então e já agora, a fé? A minha Nª Senhora de Fátima por mim visitada, todos os anos, de bicicleta? O meu Santo António? Estarão a eles a zelar pela minha felicidade? Espero que não. Pois seria injusto. Tenho de ver as ajudas do “divino” como um “Plafond” onde obviamente os mais necessitados estarão em primeiro lugar.

É fácil colocar os nossos erros em factores que não controlamos. Eu e só eu é que falhei.

E o voluntariado… sempre a adiar o dia de começar a prestar o meu auxílio às vítimas dos efeitos secundários do Capitalismo (ainda que dele seja crente e adepto).

De Bicicleta já fui até ao Algarve. Já fiz Castelo-de-Bode a Lisboa num dia. Já cruzei fronteiras Europeias numa Bicicleta que não me conhecia nem eu a conhecia a ela. Também o fiz ajudado, claro está. Aliás de outra maneira não o teria feito, nem aqueles feitos teriam existido.
E chego a este ponto: Os meus triunfos tiveram uma “mão invisível” e as minhas derrotas têm apenas um culpado: Eu

Anseio por crescer, para prescindir das mãos invisíveis e para poder dizer que venci, mas chegarei?

A rotina e o vazio de novidades deixa-me assim.
E assim nasce este blogue...