Mal começou a minha senda, de bloguista e logo começava a sentir-me diferente. Após escrever o primeiro post, senti-me muito melhor. Foi um desabafo e mais leve fiquei. “Tou pronto para outra”, pensei
No dia seguinte, chegavam os comments dos amigos, preocupados, agraciando-me com palavras de incentivo e de preocupação. Bem certo que preciso de um “curatibo”, mas isso vai ter de ficar para depois. Agora tenho de Vos falar d’ “Outra Sorte”
Sábado, dia espectacular, Sol quente e acolhedor que nos motiva a sair de casa e a poder contemplar esta enorme estrela. E assim foi, depois de uma viagem de Bicicleta, de manhã, de ida e volta até ao parque da Bela Vista, com um jogo de futebol pelo meio, não satisfeito, decidi que, de tarde, iria até ao Parque das Nações, também de bicicleta.
Lá fui, numa viagem sossegada e maravilhosa. Apesar de não haver um corredor específico para Ciclistas, em Santa Apolónia, junto ao LUX, inicia-se uma estrada que serve o Porto de Lisboa e que ao fim-de-semana não tem tráfego. Assim, esta ciclovia alternativa, permite-nos pedalar, sem stress e sem preocupações de que algum carro nos possa magoar. Pedalando sempre junto ao Rio, admirava os Navios e questionava-me se um dia farei um cruzeiro… e com quem?… e para aonde?…
Já no Parque das Nações, com uma velocidade mais moderada, captava os movimentos dos mais pequenos (e perigos quando têm uma bicicleta nas mãos), recordando-me da minha infância no (pequenino – comparando com a Expo) Jardim da Estrela. Chegando ao parque de estacionamento, já perto de Sacavém, onde se realiza o SBSR, decidi que, a viagem de regresso, seria pela estrada e não pelo interior da Expo (Não gosto de passar pelos mesmos caminhos).
A viagem de regresso fluía, calmamente. Farto de carros, optei por regressar pela tal estrada alternativa, pois queria manter-me sem stress.
A certa altura, um desconhecido “colega” passa por mim. Nestas coisas de bicicleta, há uma espécie de “Street Racing”, que nos deve estar interiorizada, porque raramente alguém (que ande de bicicleta) fica indiferente a uma ultrapassagem e logo acelera a velocidade para não ficar para trás. Este “colega” estava num outro patamar de evolução, pois estava vestido à medida, com calções justos, sendo bem visíveis os músculos das pernas.
Ainda assim, não desisti, é um desafio, que depende, em grande parte, só de nós. Lá acelerei e lá o segui. É claro que, quando nos posicionamos atrás e a curta distância, o “colega” da frente, literalmente “trabalha” para nós. Ele lá foi cortando o atrito e o vento e com relativo esforço consegui-o acompanhar.
Já a 1 km de distância de Santa Apolónia, e do fim da ciclovia “adoptada” decidi que deveria passar para a frente e ser eu a “puxar”. Seguíamos a uma velocidade “vertiginosa” (isto é a 35 km/h).
Passo pelo LUX, a estrada a acaba, seguindo-se um parque de estacionamento. Deviam ser cerca de 17:30 H. A Luz estava um pouco fraca e tinha os óculos de sol colocados. Apesar de serem graduados, a graduação que neste momento tenho já não é suficiente.
Bem, o melhor vem agora, continuo com velocidade elevada, já a 30 km/h, penso entrar no parque de estacionamento, pois mais à frente a “estrada” continua. Estou a 10 metros de entrar no parque e… uma cancela… o que fazer? Passo por baixo? (como no filme em que a mota passa por debaixo do camião) deixo-me ir e espero pelo embate? Não! Tenho de passar junto ao passeio, talvez dê… TRAVAGEM BRUSCA… Roda de trás a derrapar e a roda da frente a roçar no lancil do passeio… o meu ombro passa a milímetros da cancela… o suporte da bomba de encher pneus parte-se… Eu mantenho-me na bicicleta de pé e… paro… sem ir ao chão… Fico atónico e tentando perceber como é que foi possível não me espetar. Quanto tempo demoraram a ler este parágrafo? Foi mais do que os 1,2 segundos que mediaram entre a descoberta da cancela e a própria. O “colega”, também admirado, olha para mim, balbucia qualquer coisa que não percebo e continua a sua viagem… Apanho a bomba íntegra no suporte partido.
Pois é, uma semana ainda não passou sobre o meu primeiro post, onde questiono a minha sorte e fé, e uma grande sorte vivo. Ainda agora me pergunto como estou são e sem uma única nódoa negra.
Neste mundo, tudo está em equilíbrio e a sorte que não tenho num lado, tenho-a no outro. Tenho sorte de ter uma bicicleta (aliás, até tenho duas), tenho sorte de poder andar de bicicleta, tenho a sorte de ter sítio para guardar a bicicleta, tenho a sorte de poder disfrutar a vida simples, aproveitando o sol, tenho a sorte de ter amigos que lêem este post e tenho muitas mais outras sortes.
Bem, a bicicleta, essa é que não ficou lá muito bem. Roda de trás empanada e um raio partido. Que chatice, na Terça já não posso ir para o Futsal de bicicleta, pensei. Bem, vou deixá-la na Sportzone do Chiado, lá, eles devem arranjar.
No Colombo. Diz-me o rapaz da secção das Bicicletas da Sportzone do Chiado com ar incrédulo e com receio de mostrar que não percebia nada de bicicletas. O que faço? Para o Colombo não vou e não quero pagar o bilhete de metro pois tenho passe (mas não estava comigo). Perto da Praça do Município (que sorte tenho em trabalhar aqui) há uma loja de Bicicletas.
Sim, arranjamos bicicletas…
Eh pá… Isto não dá para desempanar, diz-me o rapaz da loja. Bem, ponha-me uma roda nova, então. Lá se foram 60 €, com a roda, arranjo e com outras peças e afinações que a bicicleta já andava a precisar.
A reparação foi em meia hora, numa sequência contínua de acontecimentos, como se tudo tivesse sido planeado.
Linda foi esta experiência…